Evento reuniu especialistas e trabalhadores para discutir prevenção, enfrentamento e a luta histórica contra violências no trabalho
O SITRAEMFA realizou, no dia 26 de setembro, o seminário “Saúde do Trabalhador – Diálogo, prevenção e ação: Construindo ambientes saudáveis, seguros e produtivos”, com foco especial no assédio moral e suas diferentes formas de manifestação. O evento contou com palestras de profissionais, depoimentos emocionantes e uma análise detalhada sobre como o assédio afeta a saúde mental e a dignidade no trabalho.
Margarida Barreto: uma inspiração que ecoou no evento
Logo na primeira palestra, o Dr. José Roberto Heloani lembrou a importância da professora Margarida Barreto, pioneira no enfrentamento ao assédio moral no Brasil. Ele destacou que o assédio surge, muitas vezes, da rejeição ao diferente – seja por raça, gênero, posição hierárquica ou outros fatores – e pode se manifestar de forma vertical (hierárquica) ou horizontal (entre colegas).
Dr. Heloani também reforçou que os sindicatos sempre estiveram na linha de frente dessa luta, atuando não apenas na defesa individual, mas na conscientização coletiva.
Abordagem cultural e reflexão sobre violências
Em seguida, a professora Rosimary Jesus Carvalho conduziu a apresentação cultural “Mercadinho da Inconveniência”, uma intervenção artística que provocou a reflexão sobre as situações absurdas que normalizamos no cotidiano. Sua abordagem articulou saberes da pedagogia e história afro-brasileira para destacar como as violências estrutural e racial se manifestam nos ambientes de trabalho.
Dados alarmantes e a luta do DIESAT
No bloco sobre “Abordagem nos pontos; tipos de Violência e saúde do trabalhador e seus impactos”, Eduardo Bonfim, pesquisador e coordenador técnico do DIESAT, apresentou dados concretos que comprovam o quanto o assédio moral adoece os trabalhadores. Sua fala, baseada em estudos e estatísticas, mostrou a urgência de políticas públicas e ações sindicais efetivas para coibir essa prática. Alex Fonseca, presidente do DIESAT, reforçou o papel do movimento sindical na defesa intransigente da saúde do trabalhador.
Vivências e redes de proteção
No momento dedicado às “Vivências e realidades do trabalhador da nossa categoria”, Mauro Caseri, Ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, trouxe uma perspectiva institucional importante, explicando o papel das políticas públicas no enfrentamento à violência. Karem Stein, do Fórum de Assistência Social, destacou a importância das redes de proteção e do acolhimento como mecanismos de apoio aos profissionais.
Sindicato como expressão da luta coletiva
No encerramento do evento, Maria Aparecida Nery, presidente do SITRAEMFA, reforçou o papel fundamental do movimento sindical na defesa dos trabalhadores. Com firmeza, lembrou que “o sindicato é uma instituição constituída de pessoas – somos todos nós”, destacando o caráter coletivo da entidade. Em um alerta importante sobre as estratégias de enfraquecimento da categoria, afirmou: “Quando o patrão obriga um trabalhador a negar o sindicato obrigando-o a fazer e entregar a carta de oposição, isso não é apenas assédio – é um ato deliberado para fragilizar a luta de todos os trabalhadores”. A fala reforçou a necessidade de união e resistência contra qualquer tentativa de desmobilização da categoria.
Avaliação positiva e sugestões para futuros eventos
De acordo com as avaliações dos participantes, o seminário foi considerado excelente e satisfatório pela grande maioria. Entre os pontos mais elogiados estão:
- A clareza das informações sobre canais de denúncia;
- A qualidade dos palestrantes;
- A abordagem didática sobre assédio moral e racismo;
- A troca de experiências entre os trabalhadores.
Muitos participantes também sugeriram temas para próximos eventos, como saúde mental, comunicação não violenta, enfoque no assédio racial e violência contra a mulher.
Um chamado para não normalizar o assédio
Um dos recados mais fortes do evento ficou claro: não podemos normalizar o assédio. Seja no ambiente de trabalho, nas abordagens ou nas relações cotidianas, é preciso identificar, denunciar e combater toda forma de desrespeito.
O SITRAEMFA segue comprometido com essa pauta e deve promover novos seminários em breve, sempre com o objetivo de fortalecer a categoria e garantir ambientes dignos para todos.