Diferentes atividades ocorrem na capital e no interior
Trabalhadoras cutistas de São Paulo estão mobilizadas na luta dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, campanha que, no Brasil, iniciou dia 20 de novembro e irá até o dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Nesta quarta-feira (25), Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, a partir das 10h, as dirigentes sindicais irão até o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) para protocolar uma representação da CUT São Paulo deresponsabilização do promotor de Justiça e professor de Sorocaba (SP), Jorge Alberto de Oliveira Marum, por postar nas redes sociais comentários machistas relacionados à questão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT São Paulo, Ana Lúcia Firmino, ofensas e brincadeiras machistas precisam ser desconstruídas. “Estamos atentas a toda e qualquer forma de violência e cobramos do poder público uma resposta”, afirma.
A secretária de Comunicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria Têxtil, Couro e Calçado (CNTV-CUT), Márcia Viana, conta que as mulheres realizaram inúmeros atos de protesto na cidade por conta dos comentários do promotor. “É importante fortalecer a formação política de base para acabar com o machismo e a violência que estão em nosso cotidiano”.
Diálogo com a população
Mulheres de diferentes categorias se somam também nesta quinta-feira (25), às 12h, na Praça no Patriarca, ao ato e panfletagem organizados pela Federação dos Bancários da CUT (Fetec-CUT), o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e a Prefeitura de São Paulo.
Haverá uma tenda com materiais que serão entregues à população e o Ônibus Lilás, iniciativa que vai oferecer atendimento às mulheres vítimas de violência.
A diretora de Políticas Sociais da Fetec-CUT, Crislaine Bertazzi, defende a necessidade de conscientizar a população e encorajar as mulheres a tomar atitude diante de situações de violência. “Devemos mostrar que elas não estão sozinhas. O papel do movimento social é promover o debate sobre a violência e como ela se dá no cotidiano, desde as residências, até os locais de trabalho, com a diferença salarial e a discriminação”.
Para Crislaine, essa luta não é só das mulheres, mas num trabalho conjunto com os homens para a desconstrução da cultura machista.
Realidade permanente
Em 2013, as mulheres fizeram uma jornada de Luta por Igualdade e Autonomia promovida pela CUT São Paulo, por meio da Secretaria da Mulher Trabalhadora. As dirigentes realizaram Caravana pelo Fim da Violência Contra as Mulheres durante 30 dias por todo o estado paulista.
As cobranças são as mesmas deste ano, afirma a secretária de Imprensa e Comunicação da CUT São Paulo, Adriana Magalhaes. “Vemos a ausência de uma secretaria estadual para as mulheres, a falta de sensibilidade aos problemas da violência e a desarticulação entre o estado de São Paulo com o governo federal no que se refere às políticas públicas”, avalia.
Para Adriana, a capital paulista tem respondido à luta permanente que as trabalhadoras fazem por liberdade, igualdade e autonomia das mulheres. O exemplo, observa, se dá com a criação da Secretaria Municipal de Políticas Para as Mulheres de São Paulo.
Nas cidades visitadas, entre as principais reivindicações das mulheres estão a falta de creches, de delegacias 24h especializadas no atendimento às vítimas, casas-abrigo, serviços públicos de qualidade, servidores formados para atender mulheres em situação de violência e a criação de rede integrada de proteção à mulher.
O ‘Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres’, divulgado no começo deste mês, calcula 3.170 mortes de paulistas entre 2009 e 2013.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, de janeiro a setembro deste ano, 37.194 mulheres sofreram lesão corporal dolosa, quando a agressão é causada com o intuito de ferir. Neste período, 93 mulheres foram mortas.
Agenda de luta
Nesta quarta-feira (25), a Marcha Mundial de Mulheres (MMM) fará atividades em São Paulo. Às 16h, haverá concentração e panfletagem na Rua Formosa, saída do metrô Anhangabaú e, a partir das 18h, caminhada até a Praça da República, no centro da capital, onde ocorrerá ato.
“Todas na rua contra o Cunha e a violência contra as mulheres” é o mote da atividade, que cobra a saída do presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), da Câmara federal.
No dia 26, às 19h, uma Roda de Debate é organizada pelo Coletivo de Mulheres do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). A atividade será na subsede da entidade, à Rua Alexandre Herculano, 169, no bairro Gonzaga, em Santos.
Em Campinas, o Fórum de Mulheres, a CUT e sindicatos realizam ato e passeata no dia 28 deste mês, com concentração às 9h, no Largo da Catedral, na região central.